RESENHA | Uma promessa é para sempre | Robin Jones Gunn

By Tesouros Peculiares - abril 28, 2017


...Um friozinho na barriga e eu nem estava acreditando. Já estava alçando voo rumo ao Acre. O nosso voo parecia predizer como seria nosso projeto, confirmando que coincidências não existem. Iniciamos conversas espirituais logo dentro do avião. Isso não é incrível?
A meia noite pisamos em solo acreano. Ali começou uma das maiores aventuras da minha vida juntamente com mais 11 estudantes baianos. Fomos bem recebidos e logo já estávamos instalados na casa da Miss. Edson.
Os nossos dias foram feitos de poesias, compartilhamento de experiência, oração, meditação da palavra de Deus, conversas espirituais, música, rima, zueira, muita zueira, banana frita e um mike (não resisti , piada interna, rs rs)... Veja também Expedição Acre.

 Agora confiram um trechinho do  livro  Cris vol. 12 Uma promessa é para sempre, de Robin Jones Gunn.


O avião agora ia taxiando pela pista, prestes a levantar vôo.

- A missão mandou as informações finais para você? perguntou ela. É a única parte

que deixava meus pais preocupados. Eu lhes dei o endereço onde passaremos as duas

primeiras noites em Londres, e o do lugar onde treinaremos. Mas acho que eles estavam

preocupados por eu não saber onde estaria fazendo evangelismo nas duas últimas semanas

da viagem.

- A única coisa que recebi da missão no fax de ontem foi a instrução de como se

chega a Carnforth Hall para a semana de treinamento, explicou Douglas no momento em

que o avião decolava, ganhando o azul do céu. Não se preocupe. Deus dirigirá nossos

passos. As próximas três semanas vão ser uma oportunidade maravilhosa para a gente

aprender a confiar nele.

Cris teve de sorrir. Conhecia Douglas desde os quatorze anos, Nesses quatro anos e

meio ele não mudara nada. Na verdade, ele já vivia qualificando tudo de maravilhoso, na

época em que ela o conhecera. Ele ficara mais alto e musculoso, mas ainda tinha o mesmo

rosto, agia do mesmo modo e até se vestia do mesmo jeito. Mas, nesses anos, Cris mudara

muito. Ficara adulta. Agora, aos dezoito anos, estava no primeiro ano da faculdade e se

sentia como se tivesse a mesma idade do Douglas, que tinha vinte e três. Faltava apenas

um semestre para ele se formar em Administração de Empresas.

- Douglas, perguntou Trícia, inclinando-se na frente de Katie e Cris, você recebeu a

confirmação do hotel onde vamos ficar em Londres?

- Recebi.

- E comprou as passagens de trem para irmos a Carnforth Hall?

- A gente compra no aeroporto. Tenho todas as informações.
- E o horário? perguntou Katie. Quando temos de estar em Carnforth?

- Sexta-feira à tarde.

- Você comprou aquele guia turístico de Londres? perguntou Trícia. Tem tanta coisa

para ver! Como vamos conseguir ver tudo em apenas dois dias?

- Fiquem calmas, meninas. Está tudo sob controle. Assim que apagarem o sinal de

cintos de segurança, vou pegar o livro; aí a gente começa a fazer planos.

Cris sentia que a única coisa que fizera no último mês foi planejar. Ainda estava

surpresa por seus pais haverem concordado que ela passasse o intervalo do semestre com

seus três melhores amigos no outro lado do mundo.

Mais surpreendente ainda, é que os pais da Katie, que não eram cristãos, também

tinham concordado. Mas eles viam isso mais como uma experiência cultural do que uma

viagem missionária. Trícia e Douglas eram mais velhos do que Katie e Cris, e suas

famílias lhes davam todo apoio. É claro que a família da Cris lhe dava a maior força, mas

seus pais tinham a tendência de protegê-la demais.

A última coisa que seu pai dissera na noite de véspera tinha sido:

"Espero que essa viagem a ajude a resolver o que vai fazer de sua vida. Você sabe

que eu e sua mãe vamos apoiá-la no que resolver. Mas é bom saber que está na hora de

decidir."

Ao falar-lhe assim, ele a deixara irritada. Tomar decisões nunca fora o forte dela.

Cris havia tomado bastante decisões das quais mais tarde se arrependera. A mais

importante delas ocorrera por volta de maio, quando terminara o namoro com Ted, o

melhor amigo de Douglas, para que ele pudesse entrar numa organização missionária. Na

época, ela sabia que estava agindo certo, mas levou vários meses para recuperar-se do

sentimento de perda.

Levou ainda mais tempo para Douglas convencê-la de que ela deveria namorá-lo.

Ela ficara indecisa durante o período de férias, e só em outubro concordara em namorá-lo.

Engraçado é que nada tinha mudado nos três meses em que namoravam. Eram bons

amigos, mas sempre tinham sido. Agora ele segurava mais a sua mão, mas nunca a

beijara. Era mais uma amizade tranquila, segura, e que inspirava aos pais dela tanta

confiança, que eram capazes de deixá-la viajar com ele para a Europa.

Douglas abriu o cinto de segurança, pôs-se de pé e tirou da mochila os guias de

turismo. Durante a hora que se seguiu, os quatro fizeram planos sobre o que veriam em

Londres. Para Cris, tudo ainda parecia um sonho.

O jantar foi servido: carne assada fatiada com molho, ervilhas, salada de frutas e um

pedaço de bolo com nozes picadas, que ela deu para o Douglas. Cris detestava castanhas.

Serviram também chá quente com leite e açúcar. Cris bebeu-o devagarinho, sentindo-se

adulta e importante. Talvez ela pudesse sair bem nessa aventura internacional.

Logo que as atendentes recolheram os utensílios do jantar, começou o filme. Cris

não conseguia enxergar a tela por causa da cabeça de um grandalhão, sentado à sua frente.

Ela desistiu do filme e pediu ao Douglas que lhe passasse sua sacola. Pegou seu diário e

começou a escrever:

Começa a aventura! Agora, estou no avião, entre Douglas e Katie, e estamos

voando para a Inglaterra. Ainda não dá para acreditar. Sinto como se tudo na minha vida

estivesse correndo à minha frente nesses últimos meses, e estou sendo levada na

correnteza.

Meu pai tinha razão quando insistiu para que eu tomasse algumas decisões quanto

ao futuro. Ainda não sei o que quero ser. Ainda não sei se gosto de ser adulta. E quando

foi que isso aconteceu, afinal de contas? Devo estar crescidinha, já que estou a caminho

da Inglaterra. Nem acredito que já ingressei na faculdade. Às vezes me sinto muito

independente, e outras vezes eu queria voltar aos tempos mais simples quando eu passava

o dia todo deitada na praia, não fazendo nada a não ser olhar o Ted surfar. Êpa! Fiz de

novo. Disse a palavra "T". Não ia mais fazer isso. Eu sei que...

- A palavra "T"? perguntou Katie, olhando para a página. Cris fechou o diário de

supetão.

- Pensei que você estivesse vendo o filme, cochichou Cris, zangada.

Deu uma olhada na direção de Douglas, que estava com o microfone no ouvido, os

olhos fitos na pequena tela à frente.

- Não acredito que você ainda pense na palavra "T"! replicou Katie, também

cochichando. Já se passaram meses - quase um ano desde que ele foi embora. O cara

sumiu. Escafedeu-se. É história antiga. Vocês não têm nenhum contato. Ele está em

alguma ilha tropical infestada de mosquitos, servindo a Deus e adorando tudo aquilo. Se

ele ainda quisesse você, teria escrito alguma coisa. Mas ele nunca escreve, não é mesmo,

Cris? Jamais escreveu, em toda a sua vida. Pense nisso.

- Esqueceu-se do coco que ele me mandou do Havaí?

- Cris, disse Katie, pousando nela uns olhos verdes cheios de seriedade, eu não lhe

diria nada disso se você não fosse minha grande amiga.

Cris desviou o olhar. Sabia o que Katie ia dizer. Já tinham tido essa conversa antes

no final das férias, quando Katie tentou convence-la a esquecer-se do Ted e dar uma

chance ao Douglas.

- Eu sei, sussurrou Cris, uma pequena lágrima ofuscando sua visão.

- Não, acho que não sabe, não. Senão nós não estaríamos conversando de novo sobre

isso, falou Katie, ralhando sério.

- Podemos deixar essa conversa para outra hora, Katie? disse Cris, piscando os olhos

azul-esverdeados. O que eu escrevo no meu diário é meu, não seu. Você não sabe o que

estou pensando.

- Mas consigo adivinhar com boa margem de acerto.

- E daí? Não me lembro de tê-la convidado a tomar posse dos meus pensamentos!

No momento que Cris fez esse comentário, arrependeu-se. Não seria bom discutir

com ela, quando começavam uma viagem de três semanas, na qual estariam juntas dia e

noite. Principalmente porque, no fundo, ela sabia que Katie tinha razão. A questão sobre

amadurecer e tomar decisões relativas ao futuro estava complicada, pois não conseguia se

esquecer de Ted...





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